Aquela curva em Indianápolis ... (quinta-feira, 14 de julho de 2005)
Corria o ano de 1996 ou 1997, não tenho bem certeza. Naquela época eu era o editor do site AtlasF1 aqui no Brasil (sim já tivemos uma edição brasileira do Atlas, e eu deixei isto escapar de minhas mãos :) ).
Lembro bem do primeiro boato: a Fórmula 1 vai correr em Indianápolis ! Eu imediatamente publiquei algo na Web dizendo que era uma excelente notícia. Seria o autódromo certo para chamar a atenção do público americano para a F1.
Passado algum tempo a notícia se confirmou e eu acompanhei atentamente todos os passos da história.
Até que um dia ví o primeiro lay-out da pista. Imediatamente me chamou a atenção o uso da curva 1 do oval, agora rebatizada de curva 13.
Ficou claro para mim que aquele seria um ponto de extremo perigo. Os carros da F1 não são construídos para suportarem o mesmo nível de impacto que os carros das fórmulas americanas (IRL/CART). Isto é visível quando se tem a oportunidade de ver pessoalmente ambos os carros. Um carro americano é muito mais robusto que um F1.
É verdade que os pilotos tomam a curva 13 no sentido oposto, após uma reta não tão longa, na saída do trecho misto. Os carros americanos vêm de acelerações seguidas, pé embaixo o tempo todo.
Mesmo assim eu sempre temi por aquela curva. No primeiro ano Rubinho "estreou" a parede de Indianápolis, sem maiores conseqüências.
Em 2004 o acidente de Ralph. Realmente assustador, principalmente porque não se entendia a demora do resgate em um ambiente em frente aos boxes. A explicação dada, de que foi preciso dar toda a volta e que o tempo se manteve no exigido faz jus ao ditado: "explica mas não justifica".
E agora em 2005 toda a confusão por conta da falta de resistência dos pneus Michelin devido as cargas produzidas sobre eles na curva 13. Outro acidente de Ralph e ameaça de problemas maiores se a corrida fosse realizada com todos os carros.
Para mim o problema maior não são os pneus em sí, mas a característica da curva.
Autódromos onde a F1 corre tem, em sua maioria, amplas áreas de escape. Mecanismos de segurança passiva projetados para desacelerar o carro e amortecer o impacto. Em Indy, a partir de 2004 temos a "soft-wall" que reduz em muito a força do impacto, ajudando a dissipá-la, mas que não parece ser o suficiente para a cultura da F1. Sem querer atrair a ira de ninguém, mas nas corridas em ovais (de carros "open-wheel") o fato de não sofrer sérios ferimentos já é considerado um grande lucro. Ir para o hospital "apenas" com uma luxação, ou uma perna quebrada e passar a noite em observação significa uma corrida segura.
Já na F1, por qualquer escoriação, que no futebol seria quase nada, se arma um grande circo. Lembrem-se de Ralph em Monaco, com o sangue aparecendo pelo macacão. Ou da perna quebrada de Schumacher, quando o mesmo levou não sei quantas semanas para aparecer novamente em uma fotografia !
Eu quero dizer aqui que apoio 100% esta maneira de ser da F1. Não assisto corridas para ver acidentes nem tragédias. As corridas da IRL me deixam muito nervoso e concordo com os que dizem que os super-speedways deviam ser banidos da categoria. O acidente de Kenny Brack foi um dos mais horríveis que já assisti em meus 24 anos de automobilismo.
Então acho que a F1 está certa. O problema é que o padrão do oval de Indianápolis não se enquadra nas exigências da F1. E isto continuará a ser assim.
O que mais me preocupa é o que esta curva ainda reserva de más notícias nos anos que estão por vir. Solução ? Sinceramente não sei. Mas gostaria de poder continuar com a F1 em Indianápolis sem precisar prender a respiração, a cada vez que um piloto faz a curva 13.
Vamos esperar e ver ...
Corria o ano de 1996 ou 1997, não tenho bem certeza. Naquela época eu era o editor do site AtlasF1 aqui no Brasil (sim já tivemos uma edição brasileira do Atlas, e eu deixei isto escapar de minhas mãos :) ).
Lembro bem do primeiro boato: a Fórmula 1 vai correr em Indianápolis ! Eu imediatamente publiquei algo na Web dizendo que era uma excelente notícia. Seria o autódromo certo para chamar a atenção do público americano para a F1.
Passado algum tempo a notícia se confirmou e eu acompanhei atentamente todos os passos da história.
Até que um dia ví o primeiro lay-out da pista. Imediatamente me chamou a atenção o uso da curva 1 do oval, agora rebatizada de curva 13.
Ficou claro para mim que aquele seria um ponto de extremo perigo. Os carros da F1 não são construídos para suportarem o mesmo nível de impacto que os carros das fórmulas americanas (IRL/CART). Isto é visível quando se tem a oportunidade de ver pessoalmente ambos os carros. Um carro americano é muito mais robusto que um F1.
É verdade que os pilotos tomam a curva 13 no sentido oposto, após uma reta não tão longa, na saída do trecho misto. Os carros americanos vêm de acelerações seguidas, pé embaixo o tempo todo.
Mesmo assim eu sempre temi por aquela curva. No primeiro ano Rubinho "estreou" a parede de Indianápolis, sem maiores conseqüências.
Em 2004 o acidente de Ralph. Realmente assustador, principalmente porque não se entendia a demora do resgate em um ambiente em frente aos boxes. A explicação dada, de que foi preciso dar toda a volta e que o tempo se manteve no exigido faz jus ao ditado: "explica mas não justifica".
E agora em 2005 toda a confusão por conta da falta de resistência dos pneus Michelin devido as cargas produzidas sobre eles na curva 13. Outro acidente de Ralph e ameaça de problemas maiores se a corrida fosse realizada com todos os carros.
Para mim o problema maior não são os pneus em sí, mas a característica da curva.
Autódromos onde a F1 corre tem, em sua maioria, amplas áreas de escape. Mecanismos de segurança passiva projetados para desacelerar o carro e amortecer o impacto. Em Indy, a partir de 2004 temos a "soft-wall" que reduz em muito a força do impacto, ajudando a dissipá-la, mas que não parece ser o suficiente para a cultura da F1. Sem querer atrair a ira de ninguém, mas nas corridas em ovais (de carros "open-wheel") o fato de não sofrer sérios ferimentos já é considerado um grande lucro. Ir para o hospital "apenas" com uma luxação, ou uma perna quebrada e passar a noite em observação significa uma corrida segura.
Já na F1, por qualquer escoriação, que no futebol seria quase nada, se arma um grande circo. Lembrem-se de Ralph em Monaco, com o sangue aparecendo pelo macacão. Ou da perna quebrada de Schumacher, quando o mesmo levou não sei quantas semanas para aparecer novamente em uma fotografia !
Eu quero dizer aqui que apoio 100% esta maneira de ser da F1. Não assisto corridas para ver acidentes nem tragédias. As corridas da IRL me deixam muito nervoso e concordo com os que dizem que os super-speedways deviam ser banidos da categoria. O acidente de Kenny Brack foi um dos mais horríveis que já assisti em meus 24 anos de automobilismo.
Então acho que a F1 está certa. O problema é que o padrão do oval de Indianápolis não se enquadra nas exigências da F1. E isto continuará a ser assim.
O que mais me preocupa é o que esta curva ainda reserva de más notícias nos anos que estão por vir. Solução ? Sinceramente não sei. Mas gostaria de poder continuar com a F1 em Indianápolis sem precisar prender a respiração, a cada vez que um piloto faz a curva 13.
Vamos esperar e ver ...
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